Pesquisa encomendada pelo A.C. Camargo Cancer Center ao Instituto Nexus demonstra o tamanho da importância da boa informação para a prevenção do câncer, doença que atinge 704 mil brasileiros por ano.
Foram entrevistadas 2.002 pessoas, com idades a partir de 16 anos, em todos os estados brasileiros, e o resultado que mais impressiona é o número de pessoas que afirmam não saber como podem evitar o câncer. 65% dos entrevistados disseram que não sabem como prevenir o câncer de maneira efetiva.
A oncologista Amanda Gomes, diretora do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida – Regional Pará, diz que o resultado da pesquisa é preocupante mas, ao mesmo tempo, traz esperança. “Nós sabemos que de 30 a 40% dos cânceres têm como causas fatores ambientais. Fatores evitáveis como tabagismo, consumo de bebida alcóolica, sedentarismo e obesidade. Ao contrário do que muita gente pensa, fatores genéticos são responsáveis por, no máximo, 10% dos casos. Então, sob o ponto de vista de futuro, o que essa pesquisa mostra é que temos um enorme desafio de comunicação pela frente, mas é perfeitamente possível salvar milhares de vidas”.
“Ao mesmo tempo que 65% disseram não saber como evitar, 60% dos entrevistados disseram acreditar que o câncer é uma doença evitável. Então, já é meio caminho andado”, destaca a médica.
Preocupação – O número de pessoas que são diagnosticadas anualmente com câncer, no Brasil (mais de 700 mil), não deixa dúvidas de que essa é uma doença que faz parte da vida de todos, de alguma forma. Todo mundo tem um caso na família, um amigo ou conhecido que tem ou teve câncer. Na pesquisa da Nexus, o câncer aparece como a doença que mais preocupa os brasileiros. Foi o que disseram 60% dos entrevistados. Outras doenças estão bem distantes no ranking da preocupação. Diabetes foi citada por 14% e doenças cardíacas por 13% dos entrevistados.
Fontes de informação – A pesquisa também aponta qual as principais fontes de informação da população sobre câncer. 40% das pessoas disseram que recorrem aos médicos para se informar, 33% pesquisam no Google, 25% buscam informações com o SUS, 18% se informam pelas redes sociais e influenciadores digitais e apenas 8% enxergam na imprensa a principal fonte de informação.
“Esse resultado é alarmante, pois apesar de os médicos serem considerados a principal fonte de informação para um número expressivo de pessoas, é pela internet que a maioria dos brasileiros se informa. A soma entre pesquisa no Google, redes sociais e influenciadores digitais atinge 51%, mais da metade dos brasileiros. O uso dessas fontes de informação pode ser perigoso, por não serem seguras e confiáveis”, alerta a oncologista Amanda Gomes.
Foco na prevenção – A médica lembra que muitos estudos já provaram que os hábitos nocivos que adotamos no nosso dia-a-dia têm grande impacto no desenvolvimento de doenças e, ao contrário, hábitos saudáveis diminuem muito as chances de ficarmos doentes. “Cada pequeno investimento que você faz em hábitos saudáveis durante sua vida representa um ganho em saúde”.
Para que a prevenção ao câncer se torne realidade é fundamental reforçar a relevância de medidas como o estímulo à vacinação contra o HPV e hepatite (que previnem cânceres de colo de útero e de fígado, respectivamente), o controle da obesidade, a promoção de uma dieta saudável, a prática regular de exercícios físicos, o uso do protetor solar, a redução do consumo de álcool e o combate ao tabagismo.
Os benefícios para a saúde são comprovados: o exercício físico reduz o risco de 13 tipos de câncer; já o consumo de bebidas alcoólicas, mesmo moderado, aumenta em 5% o risco global de ter câncer. Não fumar é outro conselho comum entre os médicos e com muita razão. 17 tipos de câncer estão diretamente associados ao tabaco e 90% dos casos de câncer de pulmão têm origem no tabagismo. O tipo de alimentação que mantemos também pode definir uma vida mais ou menos saudável. Dieta rica em carne vermelha e alimentos processados e ultraprocessados aumenta o risco de câncer gástrico.
“Quando falamos em prevenção, é sempre bom lembrar que existem 2 tipos. O primeiro tipo é o que chamamos de prevenção primária, que significa ter um estilo de vida saudável, que pode evitar cerca de 30 a 40% dos cânceres”, destaca a oncologista.
“O segundo tipo de prevenção é a secundária, que são medidas que devem ser tomadas para assegurar o diagnóstico precoce. Essas medidas não evitam o câncer, mas também podem salvar vidas. Exemplo de prevenção secundária: todas as mulheres, a partir dos 40 anos, devem ter anualmente uma consulta com um especialista e fazer o exame de mamografia com o objetivo de detectar precocemente o câncer de mama. Quando o câncer é descoberto no início, as chances de cura são superiores a 90%”, conclui a médica.
Fonte: Centro de Tratamento Oncológico (CTO)