A produtora de cacau Elene Elda herdou o ofício dos pais. Ela nasceu e mora na Ilha Arapari, no Rio Arauaia, em Barcarena, município que faz parte da Região Metropolitana de Belém. Conta com o escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) sobre orientação para manejo do cacau nativo de várzea, sob práticas sustentáveis.

Há 11 anos, ela fundou a marca Arauaia Cacau de Origem o que possibilitou verticalizar a produção e transformar as amêndoas em produtos que agregam valor ao seu trabalho. Elda comercializa amêndoa caramelizada, barra de chocolate 70%, barra de chocolate a 70% com cupuaçu desidratado, creme de chocolate, creme de chocolate com doce de cupuaçu e trufas com recheio de frutas regionais.
A produtora barcarenense foi uma dos expositores na abertura da Semana do Clima da Amazônia, que ocorreu entre 14 e 18 de julho, em Belém, reunindo representantes de governos, empresas, sociedade civil, povos indígenas e comunidades tradicionais para debater soluções aos desafios ambientais, sociais e econômicos da região.

Mineração e transição – Durante o painel ‘Minerais Essenciais para a Transição Para uma Economia de Baixo Carbono’, realizado na Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), como parte da Semana do Clima, Paula Marlieri, representante da Hydro, destacou que “não se faz transição energética sem alumínio”, apontando que o metal é indispensável para tecnologias limpas, como turbinas eólicas e linhas de transmissão elétrica, e que o Pará possui vantagens logísticas e naturais únicas para liderar esse segmento.

Ela também alertou sobre a perda de competitividade do Brasil frente à China, devido à lentidão nos processos de licenciamento. Ela participou do debate ao lado do presidente da Fiepa, Alex Carvalho e de Rodrigo Lauria, diretor de Mudanças Climáticas e Carbono da Vale.
Bionegócios – entre as atividades de encerramento da Semana do Clima da Amazônia foi realizado o Roteiro COP 30, com foco em experiências imersivas por meio de visitas a empreendimentos que integram a rede da Associação de Sociobioeconomia da Amazônia (ASSOBIO).
Os participantes visitaram a fábrica de chocolate chamada Sítio da Cruz, empreendimento familiar liderado por Chiara Cruz, localizada em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, com degustação de cacau nativo e contato direto com a produção artesanal.

“O que a gente faz é reconhecer o papel que os bionegócios já vêm realizando. Hoje falar de Amazônia tem toda uma vivência, pois não é só o cacau ou a farinha, tem todo um processo intrínseco e único. A gente percebe quer ao vender um produto, este vem contando toda uma história dessa cadeia. Então, estamos lançando dez roteiros para o público da COP 30, que vai desde alimentos e bebidas a artesanato”, conta Tainah Fagundes, conselheira da Associação.
Formada por 132 associados em diferentes segmentos, a ASSOBIO é uma instituição representativa que visa promover pequenos e médios negócios dedicados à sócio-bioeconomia na Amazônia, integrando aspectos socioeconômicos e ambientais. Fundada com o objetivo de fomentar práticas empresariais responsáveis, busca conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação do ecossistema amazônico e o bem-estar das comunidades locais. Atualmente, os empreendedores da ASSOBIO já monitoram seu impacto na região: somados, os 132 negócios da associação apoiam mais de 87 mil pessoas, espalhadas em 50 mil hectares por toda a Amazônia legal, onde a bioeconomia tem sido um caminho de renda e preservação.

Por Paula Portilho