Foi publicada no Diário Oficial do Estado de segunda-feira, 7, Lei Nº 11.073, de 4 de julho de 2025, que institui no calendário oficial de eventos do Estado do Pará o Dia Estadual da Mulher Ribeirinha, a ser comemorado em 8 de junho.
Autora do projeto de Lei, a deputada estadual Andréia Xarão celebrou a sanção. De acordo com a parlamentar, a Lei tem como objetivo dar visibilidade, reconhecimento e protagonismo às mulheres que vivem nas comunidades ribeirinhas do Pará, mulheres que enfrentam diariamente os desafios da distância, da invisibilidade e da luta pela sobrevivência com coragem, sabedoria e resistência, prestando, através dessa iniciativa, uma homenagem pelas lutas e conquistas das mulheres ribeirinhas, com o cuidado que têm com a floresta e a natureza, essencial para a sobrevivência de suas famílias, das comunidades tradicionais e para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
“Essa não é só uma data simbólica. Como primeira mulher marajoara eleita deputada estadual, e como mulher que veio do interior, sei o quanto é difícil ser ouvida quando se nasce às margens dos rios. Essa Lei é para que nenhuma mulher ribeirinha seja esquecida ou silenciada. É por elas e por todas nós”, afirma a deputada.
Andréia Xarão explica a escolha da data. “Não foi por acaso. Além de fazer um elo com o dia 8 de março, celebrado em todo o mundo como o dia Internacional da Mulher, a escolha do mês de junho se dar por ser o mês em que se comemora o dia Internacional do Meio Ambiente, no dia 5”.
Vivência ribeirinha
Para Adenilze de Oliveira, 51 anos, moradora da Vila do Terê, em Limoeiro do Ajuru, município paraense localizado na região do Baixo Tocantins, a expectativa é que a data possa valorizar o trabalho das mulheres ribeirinhas que, na maior parte das vezes, segundo ela, não é respeitado.
“são muitas as coisas que eu desejo que sejam refletidas nesta data, mas, principalmente, espero que nosso trabalho passe a ser mais valorizado. O nosso trabalho na roça, na pesca, é muito cansativo, só a gente sabe, e não se tem o devido reconhecimento e valor”, ressalta Adenilze que nasceu na localidade às margens do rio Cupijó e vive com o marido pescador, de 58 anos.
Além da pesca, a ribeirinha se dedica ao extrativismo, em especial a coleta de açaí, ao plantio de hortas e ao artesanato, atividades com as quais criou quatro filhas, hoje com idades entre 35 e 28 anos, sendo uma servidora pública, uma autonôma que trabalha com vendas e duas que seguiram a jornada dos pais na produção rural.

“Já tenho sete netos. A mais velha já tem 18 anos e se prepara para entrar no ensino superior”, conta quase gargalhando de tanta alegria por ver frutificar e florescer também o seu sangue, assim como sua lida na roça.
Adenilze relata que o trabalho com o artesanato começou intuitivamente, por curiosidade. Pelas suas mãos, cipós de arumã (uma espécie de planta da família Marantaceae) e da jacitara (um tipo de palmeira encontrada em igapós) se transformam em paneiros, peneiras, cestarias e em matapis (instrumento para captura de camarões).
“Também faço fruteiras utilizando o cacho do açaizeiro e reciclo embalagens de vidro e garrafas pet que viram vasos para o lar”, destaca com a empolgação de quem tem certeza que, com essas atitudes, ajuda a preservar o meio ambiente.


Da redação
fotos: Ascom/Andreia Xarão e arquivo pessoal