Gênero e Raça: Kamala Harry como candidata à presidência nos EUA influencia, dizem mulheres especialistas paraenses

Atualmente, em quase três décadas do século XXI, o mundo acompanha a eleição presidencial do país considerado o mais influente. Concorrendo com Donald Trump (Republicanos), 78 anos, presidente entre 2017 e 2021, está Kamala Harris (Democrata), 59 anos, atual vice-presidente. Se vencer as eleições marcadas para o próximo 5 de novembro, Harris será a primeira mulher eleita presidente do Estados Unidos.

 

Para a jornalista Andréa Amazonas, especialista em reputação digital, a candidatura de Kamala Harris à presidência dos Estados Unidos é uma escolha significativamente simbólica: “Como mulher negra e sul-asiática, ela representa diversidade e inclusão. Sua trajetória como senadora e vice-presidente também reforça sua credibilidade política, e ela tem a capacidade de mobilizar eleitores de grupos importantes, como minorias raciais e mulheres, o que é crucial para vencer em um cenário tão competitivo”, contextualiza.

Andréa Amazonas, especialista em reputação digital. foto: Thiago Diniz

Segundo Amazonas,  a questão de gênero e raça é uma vantagem em termos de representatividade, mas pode gerar resistência entre eleitores mais conservadores. A estratégia de comunicação de Harris assim, deveria se concentrar em reforçar a o discurso de elo e união: “No sentido de capacidade de enfrentar os desafios futuros com uma visão inclusiva e competente”, aponta a profissional, que acumula uma expertise de 15 anos no ramo da comunicação social política.

 

Já na avaliação da socióloga Sheyla Rosana Moraes, mestra em Ciência Política e doutora em Relações Internacionais, a candidatura de Kamala é estratégica para a pauta progressista, embora a tendência do eleitorado estadunidense seja conservadora.

 

“Vemos uma mulher, uma filha de imigrantes, sendo escolhida para concorrer ao cargo de presidente. Isso soa como inclusão. Qual mulher negra não se vê representada na kamala? Qual estrangeiro não se vê representado nela? Vejo a escolha de kamala como estratégica. Percebo, contudo, que a candidata, apesar de representas minorias, tem o seu perfil conservador, moldado ao pensamento da sociedade estadunidense, e isso pode gerar frustrações futuras”, reflete.

 

Ainda assim, de acordo com a cientista política, atuante na área há 17 anos, “a candidatura quebra tabus”, aponta.

Sheyla Rosana Moraes, mestra em Ciência Política e doutora em Relações Internacionais. Foto: arquivo pessoal

Dados

 

Números da Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais (Divulgacard), sistema responsável pela divulgação das candidaturas registradas em todo o Brasil, mostram que, no cenário paraense de disputa pelas prefeituras em 2024, somente 15% dos candidatos são mulheres, em um total de 15.573 propostas.   Quanto a vereadoras, protagonizam 35% no panorama de 431.978 candidaturas. (dados atualizados em 25/09/2024)

 

Na capital Belém, dos nove candidatos buscando a Prefeitura, duas são mulheres: Raquel Brício (Unidade Popular – UP) e Wellingta Macêdo (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU).

 

Até o momento, a Câmara Municipal de Belém (CMB) possui sete mulheres entre os 35 vereadores: Bia Caminha (PT), Blenda Quaresma (MDB), Eduarda Bonanza (PP), Enfermeira Nazaré (Psol), Giselle Freitas (Psol), Pastora Salete (PSD) e Silvia Letícia (Psol).

 

Na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), dos 41 deputados, sete são mulheres: Ana Cunha (PSDB), Andréia Xarão (MDB), Cilene Couto (PSDB), Diana Belo (MDB), Lívia Duarte (Psol), Maria do Carmo (PT) e Paula Titan (MDB).

 

Moradora do bairro da Pedreira, em Belém, Adriana Sousa, 38 anos, trabalhadora informal, afirma que sente uma representatividade em Kamala Harris, nos aspectos de gênero e raça: “Ao acompanhar pela TV a campanha presidencial nos Estados Unidos, me sinto de certa forma representada por ela, como mulher e negra que sou. Me faz refletir sobre a concorrência feminina em cargos elegíveis e, inclusive, incentiva a votar em uma candidata mulher nesta eleição para vereadora”, ressalta. Casada e mãe de duas filhas pequenas, Adriana vive de comercializar bolos decorados.

Adriana Sousa, autônoma, moradora de Belém. Foto: arquivo pessoal

 

Texto: Paula Portilho