Junho Laranja: hematologista Iê Bentes Fernandez alerta sobre leucemia

Junho foi escolhido para ser o mês de conscientização sobre a leucemia e a anemia. São duas doenças do sangue, mas bem diferentes. A anemia pode ser um sintoma da leucemia, mas de forma alguma anemia pode virar leucemia, que é um tipo de câncer. Um dos principais objetivos da campanha Junho Laranja é divulgar informações que possam favorecer o diagnóstico precoce.

Estatísticas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostram que a leucemia, no Brasil, é o 9º câncer mais comum no sexo masculino e o 11º no feminino. Deve ter deve ter mais de 11 mil e 500 novos casos registrados em 2025: quase 6 mil homens e 5 mil mulheres serão diagnosticados. No Pará, a estimativa prevê 320 casos novos diagnosticados (180 homens e 140 mulheres) e em Belém, a previsão é de 80 casos (40 homens e 40 mulheres).

O Atlas da Mortalidade por Câncer registrou mais de seis mil mortes em 2022. Ou seja, cerca de 53% dos pacientes vieram a óbito. É um dos percentuais mais altos entre os diversos tipos de câncer. Uma das causas principais é o diagnóstico tardio.

A leucemia atinge os glóbulos brancos do sangue, comprometendo o sistema de defesa do organismo. Os glóbulos brancos alterados passam a não funcionar de forma adequada, multiplicam-se mais rapidamente e morrem menos do que as células normais. Dessa forma, as células sanguíneas saudáveis da medula óssea vão sendo substituídas pelas células cancerosas. Essa produção inadequada deixa o organismo predisposto a infecções, anemia, hemorragias e outros problemas.

Todas as pessoas têm uma ‘fábrica’ de células sanguíneas no corpo. É a medula óssea – popularmente conhecida como tutano – porque ocupa a cavidade dos ossos. É aí que são formados os glóbulos vermelhos (hemácias), os glóbulos brancos (leucócitos) e as plaquetas. Quando uma dessas células do sangue em formação sofre uma mutação, começa o câncer.

“Para a leucemia ser desenvolvida são necessários dois eventos. O primeiro é a predisposição genética e o segundo, e mais complicado de ser determinado, são os fatores ambientais. Por exemplo, contato com substâncias químicas, radiação e presença de algumas infecções”, explica a hematologista Iê Bentes Fernandez, do Centro de Tratamento Oncológico.

A leucemia não escolhe idade, é uma doença que pode atingir crianças e adultos. Entre os cânceres pediátricos, é o mais comum (28% dos cânceres infantis), mas as chances de cura são de cerca de 90% na maioria dos casos.

São 4 os principais subtipos da doença:

 Quanto à evolução:

– Leucemia aguda: Quando as células malignas se multiplicam rapidamente, causando uma enfermidade agressiva. Leucemias agudas são as mais comuns em crianças;

– Leucemia crônica: Quando a transformação maligna ocorre em células-tronco mais maduras. Nesse caso, a doença costuma evoluir mais lentamente, com complicações que podem levar meses ou anos para ocorrer. Leucemias crônicas são raras em crianças.

Quanto aos glóbulos brancos afetados:

– Leucemia linfoide: Afeta as células linfoides; é mais frequente em crianças;

– Leucemia mieloide: Afeta as células mieloides; é mais comum em adultos.

Sintomas

– Leucemia aguda – Os primeiros sinais geralmente aparecem quando a medula óssea deixa de produzir células sanguíneas normais. Os sintomas e sinais geralmente são os mesmos, independentemente de o paciente ser jovem ou adulto. Os sintomas característicos das leucemias agudas incluem:

Anemia;

Fraqueza;

Cansaço;

Sangramentos nasais e nas gengivas;

Manchas roxas e vermelhas na pele;

Gânglios inchados;

Febre;

Sudorese noturna;

Infecções;

Dores nos ossos e nas articulações.

Leucemia crônica – De evolução lenta, pode ser completamente assintomática no início ou com sintomas que podem parecer muito similares a sintomas de doenças mais comuns, como a gripe. Por isso, todo paciente com sintomas como febre, palidez, fadiga e manchas roxas devem ser avaliados. O médico pedirá os testes que julgar pertinentes.

Causas – Acredita-se que é devido a uma mutação genética, mas não é hereditária – não pode ser passada de pai para filho. Algumas causas externas que podem determinar essas mutações são conhecidas. Como irradiação, benzeno e outras substâncias químicas em grau de intoxicação. No entanto, de uma forma geral, não há como determinar o motivo de alguns tipos serem mais comuns em certa idade.

Diagnóstico precoce – O paciente deve fazer exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos.

Como não há fatores de risco bem definidos, a melhor estratégia é a detecção precoce da doença, por meio dos sinais e sintomas suspeitos.

O principal exame de sangue para confirmação da suspeita de leucemia é o hemograma, para verificar se há aumento do número de leucócitos (glóbulos vermelhos).  Outras análises laboratoriais devem ser realizadas, e a confirmação diagnóstica é feita com o exame da medula óssea (mielograma).

 

 

Fonte: Centro de Tratamento Oncológico (CTO)