Moradora do bairro Almir Gabriel, em Marituba, município da Região Metropolitana de Belém, no Pará, Margarida Sousa de Oliveira, 52 anos, trabalha como artesã. Além de ser geração de renda, o artesanato também tem um significado especial: a representatividade de raça através das peças que confecciona com muito afeto.
Há quanto tempo trabalha com artesanato?
Trabalho com artesanatos desde 2011. Na verdade, tudo começou quando eu estava passando em uma rua do centro comercial de Belém e vi um colar na vitrine de uma loja. Entrei e queria muito comprar aquele colar, porém o dinheiro não suficiente. Pedi um desconto para a vendedora – que naquela ocasião foi bem grosseira comigo – e nada. Como gostei muito do colar, resolvi comprar o material e fazer o mesmo modelo e ficou igualzinho. Daí em diante, comecei a fazer para meu uso e para vender.
Quais técnicas utiliza?
Eu uso as técnicas da reciclagem em tecidos pra fazer as bonecas e customização de bolsas e camisas. Também utilizo o caroço do açaí, cascas e folhas de árvores pra confeccionar as biojóias. Uso garrafas e copos descartáveis para confeccionar brincos, colares, pulseiras e anéis.
No início, utilizava miçangas e pérolas. Depois veio a ideia de fazer peças com tecidos e resinados. Posteriormente, surgiu a ideia de fazer as biojóias e descobri que assim como com as folhas e sementes, com o caule podemos fazer faz maravilhas também. Por isso, hoje, faço do meu trabalho de cada dia uma descoberta e uma terapia.
Qual o diferencial do seu trabalho?
O diferencial de meus produtos é que eu faço com muito amor e carinho, e também quando faço as bonecas negras eu consigo me ver em uma vitrine de negócio, com um produto que me representa.

Há relação entre seu trabalho e a luta antirracista?
O meu trabalho tem muito a ver com a luta antirracista, pois quando faço uma boneca negra com acessórios e roupas representativas da cultura negra eu estou dizendo pra sociedade “abre alas que eu quero passar com minha cor, com meu cabelo, tira o racismo da frente que eu quero passar e brilhar para o mundo”, e isso me inspira a cada dia criar novos projetos.
Há algum projeto futuro?
O meu projeto no momento é conseguir, futuramente, parcerias para lançar minha linha de roupas e acessórios afros.

Por Paula Portilho
fotos: Arquivo Pessoal