Nesta quarta-feira, dia 5, celebram-se o Dia Mundial do Meio Ambiente e o Dia Nacional da Reciclagem. As datas são mais uma oportunidade de refletir e dialogar sobre o futuro, aprender com o passado e pensar nas tomadas de decisão no presente, em especial tendo como cenário o Pará, estado o qual a capital, Belém, será palco da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP30. Também é momento de valorizar as jornadas de quem abraçou uma forma de produzir sustentável.
Irlanda Santos, 64 anos, é coordenadora do Grupo Mulheres Empreendedoras e Empoderadas da Usina Icuí, e moradora do Bairro Icuí-Guajará, em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém.
Em 2000, Irlanda iniciou um projeto de meio ambiente com alunos de uma escola da comunidade, a partir da observação de que o local ficava sujo após a saída dos turnos. “Pensei em como fazer os alunos conservarem a escola limpa e organizada. A produção de lixo era muito grande assim como o desperdício de papel dos cadernos que os alunos rasgavam”, lembra.
Após conversa com a comunidade escolar para buscar alternativas, foram traçados projetos e metas. ‘Começamos a fazer palestras com os pais dos alunos. Fiz cursos para poder fazer projetos alternativos através de oficinas e assim foi o começo do Artesanato com material sustentável”, conta.
Em 2019, já aposentada, passou a divulgar a produção nas redes sociais, em razão da pandemia de covid-19. Em 2021 passou a integrar um grupo de Artesãs através do Governo do Estado na Usina da Paz Icuí e desde então participa de exposições e feiras com o apoio do escritório de Ananindeua da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater-Pará).

“Foi tudo difícil pois a desvalorização é grande. As pessoas têm um olhar negativo do material proveniente de descarte, o investimento para confecção das peças é alto e o preço de comercialização baixo, mas estou tentando fazer com que as pessoas entendam que o importante é cuidar do meio ambiente”
Através da dedicação da artesã Irlanda, garrafas e potes de vidro e de plástico, caixas de leite líquido, latas de chocolate em pó, vidros de perfume e até rolos de papel higiênico se transformam em recipientes decorativos, buquês, pesos de portas customizados com preços que variam entre R$ 10, R$ 15, R$ 20 e R$ 25, que representam um acréscimo de cerca de 20% no orçamento familiar.


Criadora do Ateliê Tecelã, uma casa artística, espaço de produção criativa, exposição, eventos e convivência, situado no Distrito de Icoaraci (Belém), Myrian Carvalho, 58 anos, começou a se interessar por reciclagem a partir da observação da mãe e das tias, que reutilizavam latas para diversas finalidades como armazenar mantimentos, a exemplo. “Isso alterou minha percepção sobre o reuso de objetos que iriam para o lixo, mas poderiam ser muito bem utilizados para diferentes fins e com muita eficiência”.
Myrian trabalha com vidro, tecido e papel/papelão que “ressurgem” como objetos de contemplação, que “contribuem para o aterramento energético trazendo relaxamento, encantamento, aguçando memórias afetivas e sensações prazerosas”, como explica.

Tratam-se de mandalas vivas (da família dos móbiles), cascatas visuais, recipientes para plantas, joias têxteis, almofadas patchwork, confeccionadas com diversas técnicas como pintura acrílica, recorte-colagem, costura, criativa, patchwork, amarração e crochê, que são comercializadas em feiras e bazares e através de redes sociais e aplicativo de mensagens, em valores que variam de R$ 25 a R$ 300.
“A arte alcança espaços em nossa consciência, que nenhum outro discurso alcança. Meu trabalho é importante porque gera consciência ambiental, sobre a importância de refletirmos a respeito do destino de materiais extraídos da natureza que, depois de beneficiados, vão para o lixo prejudicando a todos. E nos mobiliza a tomarmos uma atitude responsável diante dessa degradação do meio ambiente em favor da natureza, dos direitos humanos e de todas as formas de vida”, pontua Myrian.


Dados no Pará
No estado, a Secretaria de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster) gerencia o Projeto Pró-Catador Ativação Pará, que tem como objetivo a promoção social e econômica de catadores e catadoras e de seus familiares e o estímulo à inclusão da categoria no processo de coleta seletiva. Em 2023, 13 cooperativas de catadores de materiais recicláveis foram contempladas com kits de equipamentos e maquinários do projeto prensas, transpaleteira, empilhadeiras, balanças, carro plataforma, carrinhos de coleta seletiva e materiais de escritório). Os equipamentos garantem melhorias nas condições de vida e de trabalho de catadores e catadoras paraenses.
Empreendedorismo e Artesanato – A Seaster também avalia, monitora, assessora e fornece apoio técnico a artesãos paraenses e ainda presta uma série de palestras e oficinas com noções básicas sobre precificação, atendimento ao cliente, gestão de negócios e vitrinismo. Ao longo de 2023, foram promovidas 920 oficinas.
Para oportunizar a comercialização de produtos artesanais, a Seaster incentiva e apoia a participação em feiras regionais e nacionais, além de emitir e entregar carteiras do artesão para profissionais do segmento. Cerca de 3 mil artesãos foram atendidos pela Secretaria ao longo do ano passado. Fonte: Seaster.
Coleta seletiva
O que pode ser reciclado: plástico (Embalagens de produtos de limpeza, baldes, canos, tubos de pvc, frascos plásticos de produtos, sacos/sacolas, garrafas de refrigerantes e garrafas plásticas), vidro (Copos, tampa de forno microondas, frascos, potes, cacos e garrafas), papel (Jornais, revistas, envelopes, rascunhos, papel sulfite, cartazes, listas telefônicas, papel de fax, folhas de caderno, fotocópias, formulários, caixas de papelão, cartolinas e aparas de papel), e metal (latas, ferragens, canos, pregos, aerossóis, cobre, parafusos, embalagem, talheres de metal, enlatados e tampas de garrafa). Fonte: Recicla Ecológica.
Através de parceria com cooperativas e associações, a Prefeitura de Belém conta com pontos de coleta seletiva. Confira os locais:
– Concaves (Av. Bernado Sayão, 2176, Condor).
– CCMRFS (Av. Padre Eutíquio, 2646, Cremação).
– COOCAPE (Tv. Angustura, 4170, Marco).
– COOPTRI (Estrada da Maracacuera, Icoaraci).
– COCAVIP (Rua oito de maio, 2-68, Campina, Icoaraci)
– Cooperemos (Rua Siqueira Mendes, S/N, entre Quarta e Terceira Rua, Vila de Mosqueiro).
– Coopresam (Rua Óbidos, 167, Cidade Velha).
– ACCSB (Passagem Sol Nasce para Todos, Canal São Joaquim, Val-de-Cans).
– Ascajuba (Estrada do Vai-quem-quer, Av. Magalhães Barata, Ilha de Cotijuba).
– Ascadout (Av. Central Park, 22, entre Estrada da Tucumareira e Travessa Tucano, Outeiro).
– Acacamaret (Rua das Orquídeas, 86, Tenoné).
Fonte: Sesan/PMB
Texto: Paula Portilho
Fotos: Divulgação